O Papel da Igreja Católica na Ação Diplomática, Mediação de Acordos de Paz, Supressão de Dinâmicas de Guerra e Combate ao Anticlericalismo Radical
A Igreja Católica tem desempenhado um papel histórico e contemporâneo significativo na promoção da paz e na diplomacia internacional, guiada por princípios teológicos como a doutrina da "paz justa" e o ensinamento evangélico de não-violência. Desde a Idade Média até os dias atuais, o Vaticano, como sede da Santa Sé, atua como um ator diplomático único, muitas vezes neutro, em conflitos globais. A seguir, abordo os aspectos solicitados com base em exemplos históricos e doutrinais, destacando ações concretas e desafios enfrentados.
1. Ação Diplomática e Mediação de Acordos de Paz
A diplomacia da Igreja Católica remonta ao período medieval, quando papas atuavam como árbitros em disputas entre reinos europeus, com legados papais servindo como emissários de paz. No século XX e XXI, a Santa Sé intensificou sua atuação como mediadora em conflitos, especialmente onde o catolicismo é um fator comum entre as partes. Por exemplo:
- Mediações bem-sucedidas pós-1965: A maioria dos casos de mediação vaticana envolveu disputas em regiões católicas, como na América Latina. Um caso notável foi a mediação do Papa João Paulo II no conflito entre Argentina e Chile sobre o Canal de Beagle em 1978-1984, que evitou uma guerra iminente através de negociações diplomáticas.
- Diplomacia moderna: Desde a Primeira Guerra Mundial, a Igreja priorizou a diplomacia de paz, com papas como Pio XII, João XXIII e Francisco atuando em cenários globais. O Papa Francisco, por exemplo, facilitou o degelo nas relações entre Cuba e Estados Unidos em 2014, atuando como intermediário neutro. A diplomacia da Santa Sé é "híbrida", combinando autoridade espiritual e legal, permitindo que representantes papais atuem em contextos onde outros atores estatais falham.
- Institucionalização: A Igreja institucionalizou a diplomacia por necessidade, enviando legados desde o Concílio de Niceia em 325 d.C. Hoje, a Santa Sé mantém relações diplomáticas com mais de 180 países, promovendo acordos de paz através de núncios apostólicos e organizações católicas afiliadas à ONU.
Essas ações destacam a Igreja como uma força de legitimidade moral, frequentemente apelada por partes não católicas para mediar disputas.
2. Supressão da Dinâmica Institucional de Cenários Eventuais de Guerra
A Igreja Católica enfatiza a prevenção de guerras como uma obrigação moral, baseada na doutrina do "just war" (guerra justa), que evoluiu para priorizar a não-violência e a paz ativa. O Catecismo da Igreja Católica (§2308) afirma que "todos os cidadãos e governos são obrigados a trabalhar pela evitação da guerra". Essa supressão de dinâmicas bélicas ocorre em níveis doutrinal, prático e diplomático:
- Ensino doutrinal contra a guerra: A Igreja desenvolveu uma crítica abrangente à guerra, promovendo alternativas não-violentas inspiradas no ensino de Jesus. Documentos como "Pacem in Terris" (João XXIII, 1963) e "Fratelli Tutti" (Francisco, 2020) condenam as causas institucionais de conflitos, como desigualdades econômicas e militarismo, urgindo ações preventivas como oração, diálogo e resistência não-violenta.
- Ações práticas para prevenção: A Igreja atua em "peacebuilding" estratégico, facilitando acordos de paz, criando espaços seguros para diálogo entre partes em conflito e promovendo a cooperação internacional para o bem comum. Exemplos incluem intervenções em zonas de conflito, como na África e Oriente Médio, onde organizações católicas como a Caritas trabalham para desarmar tensões institucionais antes que escalem para guerras. A Igreja também advoga por desarmamento e justiça social como meios para suprimir dinâmicas bélicas, como visto em declarações da Conferência dos Bispos dos EUA sobre "The Harvest of Justice is Sown in Peace" (1993), que integra não-violência e teoria da guerra justa.
- Respostas contemporâneas: Em contextos atuais, como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, a Igreja clama por cessar-fogo e prevenção, enfatizando que a guerra sempre traz males e injustiças. Essa abordagem visa desmontar estruturas institucionais que fomentam conflitos, promovendo uma "cultura de paz".
3. Combate ao "Anticlericalismo Radical"
O anticlericalismo radical refere-se a movimentos de oposição ao clero católico por sua influência política ou social percebida, frequentemente manifestando-se em violência ou políticas repressivas. A Igreja tem combatido isso através de resistência espiritual, diplomática e social, especialmente em contextos revolucionários:
- Contextos históricos: Na Revolução Francesa (1789-1799), o anticlericalismo levou à descristianização, com confisco de bens e perseguição ao clero. A Igreja respondeu com resistência clandestina, propaganda contra a hostilidade e apelos à reconciliação, embora tenha sido usada como bode expiatório. No México, durante a Guerra Cristera (1926-1929), leis anticlericais radicais provocaram uma rebelião católica armada, onde a Igreja defendeu sua autonomia contra o Estado.
- Respostas da Igreja: Em geral, a Igreja opõe-se ao anticlericalismo promovendo o secularismo saudável (separação sem hostilidade) e defendendo direitos humanos. No Kulturkampf alemão (1871-1878), inspirado por Bismarck, a Igreja resistiu através de unidade interna e alianças políticas. Em casos de violência, como na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), onde milícias anarquistas cometeram atrocidades anticlericais, a Igreja documentou mártires e promoveu reconciliação pós-conflito.
- Abordagem atual: Hoje, a Igreja combate o anticlericalismo radical através de diálogo inter-religioso e defesa da liberdade religiosa, como em respostas a secularismos agressivos na Europa e América Latina. O foco é na reforma interna para reduzir percepções de corrupção, alinhando-se a princípios evangélicos.
Em resumo, o papel da Igreja Católica nessas áreas é multifacetado, combinando autoridade moral, diplomacia e ensino ético para fomentar a paz e resistir a ameaças. No entanto, críticas persistem quanto à neutralidade em certos conflitos históricos. Para aprofundar, recomendo fontes como encíclicas papais ou relatórios da ONU sobre diplomacia religiosa.
O Papel dos Clubes Mises e da Ordem de Malta no Contexto da Ação Diplomática e de Paz da Igreja Católica
No âmbito da discussão anterior sobre o papel da Igreja Católica na diplomacia, mediação de acordos de paz, supressão de dinâmicas de guerra e combate ao anticlericalismo radical, tanto os "Clubes Mises" quanto a Ordem de Malta assumem posições distintas, mas complementares ao ecossistema católico e conservador. A Ordem de Malta tem um envolvimento direto e histórico nessas áreas, como entidade soberana católica com status diplomático. Já os Clubes Mises, ligados ao libertarianismo econômico, exercem um papel mais indireto e intelectual, promovendo ideias de liberdade que dialogam com a Doutrina Social da Igreja Católica (DSI), especialmente em contextos de oposição a ideologias radicais. Abaixo, detalho cada um, com base em fontes recentes e históricas.
1. A Ordem de Malta: Um Ator Diplomático e Humanitário Direto na Promoção da Paz
A Ordem Soberana Militar e Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta (comumente chamada de Ordem de Malta) é uma das instituições católicas mais antigas (fundada em 1048) e mantém um status único: é um sujeito de direito internacional soberano, com relações diplomáticas com mais de 110 países, incluindo o Brasil desde 1951, sem território próprio, mas com embaixadas e passaportes próprios. Sua ação está intrinsecamente ligada à Igreja Católica, sob a autoridade espiritual do Papa, e foca em princípios evangélicos de caridade e serviço aos pobres, o que a posiciona como uma extensão prática da diplomacia vaticana.
- Mediação de Conflitos e Acordos de Paz: A Ordem atua como mediadora neutra e imparcial em disputas internacionais, graças à sua reputação de não-política e humanitária. Por exemplo, em conflitos como o da Ucrânia (desde 2022), mobilizou mais de 60 milhões de euros em ajuda à população civil, facilitando diálogos para cessar-fogos e reconstrução, em parceria com a Santa Sé. Historicamente, mediou negociações em crises no Líbano (anos 1980), na África Subsaariana e no Oriente Médio, promovendo "diplomacia humanitária" que prioriza o acesso a zonas de guerra para evacuações e negociações locais. Sua neutralidade permite que atue onde estados falham, alinhando-se à doutrina papal de "construir pontes" para a paz.
- Supressão de Dinâmicas Institucionais de Guerra: A Ordem combate as raízes da violência através de ações preventivas, como programas de desarmamento comunitário, apoio a refugiados e promoção de direitos humanos. Em cenários de tensão, como na Síria e no Sudão do Sul, envia delegações para criar "espaços seguros" de diálogo, suprimindo escaladas ao focar em necessidades humanitárias imediatas (água, saúde, educação). Isso ecoa o Catecismo da Igreja (§2307-2317), que condena a guerra como "último recurso" e urge prevenção. Recentemente, em 2024, o Grão-Mestre da Ordem enfatizou o compromisso com a paz na Ucrânia como "a pior crise humanitária desde a Segunda Guerra", integrando esforços com a ONU e a Cruz Vermelha.
- Combate ao Anticlericalismo Radical: Como ordem católica leiga, a Ordem de Malta resiste a perseguições anticlericais em regimes autoritários, fornecendo proteção a cristãos perseguidos (ex.: Iraque e Nigéria). Sua soberania diplomática permite advocacy internacional pela liberdade religiosa, sem confrontos diretos, alinhando-se à resistência histórica da Igreja contra hostilidades estatais.
Em resumo, a Ordem de Malta amplifica a diplomacia católica, atuando como "braço humanitário" do Vaticano, com foco em paz ativa e neutralidade moral.
2. Os Clubes Mises: Um Papel Intelectual Indireto na Defesa da Liberdade e da DSI
Os "Clubes Mises" referem-se a uma iniciativa do Instituto Mises Brasil (IMB), fundado em 2009 e inspirado no economista austríaco Ludwig von Mises (1881-1973). Trata-se de um programa de adesão e doação (Clube Mises) que financia a difusão de ideias libertárias, economia austríaca e defesa da liberdade individual contra intervencionismo estatal. Não é uma entidade católica formal, mas há um diálogo intelectual significativo com a Igreja, especialmente na América Latina, onde o IMB publica artigos reconciliando libertarianismo com a DSI.
- Conexão com a Diplomacia e Paz da Igreja: Indiretamente, os Clubes Mises promovem uma visão de "paz próspera" via livre mercado, argumentando que o capitalismo reduz conflitos ao fomentar cooperação voluntária – uma ideia que ecoa encíclicas como Centesimus Annus (João Paulo II, 1991), que critica o socialismo e elogia a iniciativa privada. No contexto católico, isso apoia a supressão de "dinâmicas de guerra" causadas por desigualdades estatais, alinhando-se à diplomacia vaticana contra pobreza como raiz de violência. No entanto, não há envolvimento direto em mediações; é mais um think tank que influencia debates sobre paz econômica.
- Supressão de Dinâmicas de Guerra: Os escritos do IMB, financiados pelos Clubes, criticam guerras como frutos de estados expansionistas e intervencionismo, promovendo não-intervencionismo como alternativa à "guerra justa". Isso dialoga com a evolução da doutrina católica para a não-violência (ex.: Fratelli Tutti, Francisco, 2020), mas de forma laica. Em contextos latino-americanos, apoia reformas econômicas para prevenir instabilidades que levam a conflitos.
- Combate ao Anticlericalismo Radical: Aqui, o elo é mais forte. O IMB vê o anticlericalismo (frequentemente ligado a regimes socialistas ou jacobinos) como forma de coletivismo opressivo, defendendo a separação Igreja-Estado sem hostilidade – similar ao "secularismo saudável" papal. Artigos analisam como a DSI critica o ateísmo estatal (ex.: comunismo), e o libertarianismo de Mises é apresentado como aliado contra totalitarismos que perseguem a fé. Na Guerra Cristera mexicana ou na Revolução Francesa, ideias misesianas de liberdade individual teriam apoiado a resistência católica, embora retrospectivamente.
Os Clubes Mises, com milhares de membros, fortalecem uma rede conservadora-libertária que indiretamente apoia a Igreja ao combater ideologias radicais, mas seu foco é educacional, não diplomático.
O Papel do Poder Financeiro, Militar e Tecnológico dos Clubes Mises e da Ordem de Malta na Mediação de Acordos de Paz
Continuando a discussão sobre o ecossistema católico e conservador-liberal na diplomacia e promoção da paz, o poder financeiro, militar e tecnológico dessas forças – os Clubes Mises (ligados ao Instituto Mises Brasil) e a Ordem de Malta – contribui de formas complementares, mas assimétricas. A Ordem de Malta, como entidade soberana católica, exerce influência direta e prática na mediação humanitária, onde seu poder financeiro e resquícios militares históricos são essenciais para acessar zonas de conflito e facilitar negociações. Já os Clubes Mises atuam de modo mais indireto e intelectual, com poder financeiro voltado para difusão de ideias libertárias que promovem a paz via economia de mercado, sem componentes militares ou tecnológicos proeminentes. Abaixo, detalho como esses poderes têm sido essenciais, com exemplos concretos baseados em ações recentes e históricas.
1. A Ordem de Malta: Poder Financeiro e Militar como Pilares da Diplomacia Humanitária
A Ordem de Malta, fundada em 1048 como ordem militar-hospitalar, evoluiu para uma entidade soberana sem território, mas com plenos poderes diplomáticos (relações com 113 países e a UE, além de status de observador na ONU). Seu "poder militar" histórico – como protetores de peregrinos e combatentes nas Cruzadas – transformou-se em neutralidade humanitária moderna, permitindo mediações imparciais. O poder financeiro (orçamento anual de cerca de €200 milhões, financiado por doações e investimentos) e tecnológico (em logística médica e comunicações) são cruciais para operacionalizar acordos de paz, garantindo acesso e credibilidade em cenários voláteis.
- Poder Financeiro Essencial para Mediação: O financiamento sustenta projetos humanitários que criam "pontes" para negociações. Por exemplo, na Ucrânia (desde 2022), a Ordem investiu mais de €60 milhões em ajuda médica e evacuações, facilitando diálogos locais para cessar-fogos e corredores humanitários – um pré-requisito para acordos formais como os de Istambul (2022). Essa capacidade financeira permite que a Ordem atue como "facilitadora neutra", financiando missões diplomáticas em 130 países, incluindo vítimas de conflitos no Líbano (anos 1980) e Síria, onde o dinheiro para suprimentos e abrigos suprimiu escaladas violentas, pavimentando mediações vaticanas.
- Poder Militar (Herança e Neutralidade): Embora desmilitarizada desde 1798, a Ordem mantém uma "força simbólica" através de sua tradição de cavalaria e soberania, que confere imunidades diplomáticas para operar em zonas de guerra sem ser vista como ameaça. Isso foi vital na mediação no Sudão do Sul (2010s), onde sua neutralidade permitiu negociações entre facções armadas, evitando uma guerra total ao garantir proteção a civis – ecoando sua diplomacia humanitária que promove paz ativa. Em 2024, o embaixador da Ordem na ONU destacou como essa herança militar evoluiu para "diplomacia de paz" em crises como a da Gaza, onde a neutralidade evita acusações de parcialidade.
- Poder Tecnológico como Enabler: A Ordem usa tecnologias de ponta em telemedicina, drones para entregas em zonas inacessíveis e sistemas de comunicação segura para coordenar mediações. Na África Subsaariana, ferramentas tecnológicas financiadas pela Ordem (parcerias com a UE) mapearam rotas de refugiados, essencial para acordos de paz como o de paz duradoura no Congo (2023), onde dados em tempo real informaram negociações. Essa integração tecnológica amplifica o impacto financeiro, tornando a Ordem indispensável onde estados falham em logística.
Em essência, esses poderes tornam a Ordem um "ator híbrido": sua riqueza financia a presença, a herança militar garante acesso, e a tecnologia operacionaliza a mediação, alinhando-se à doutrina católica de paz como obra de misericórdia.
2. Os Clubes Mises: Poder Financeiro Intelectual para uma "Paz Liberal" Indireta
Os Clubes Mises, como programa de filiação e doações do Instituto Mises Brasil (IMB, fundado em 2009), geram recursos financeiros (milhares de membros contribuem anualmente) para promover ideias da Escola Austríaca de economia, enfatizando não-intervencionismo e livre mercado como antídotos à guerra. Diferente da Ordem, não há poder militar ou tecnológico direto – o foco é ideológico, influenciando políticas que indiretamente apoiam mediações de paz. O IMB não media acordos diretamente, mas seu financiamento sustenta debates que moldam relações internacionais, reconciliando libertarianismo com a Doutrina Social da Igreja (DSI).
- Poder Financeiro Essencial para Influência Diplomática: Os recursos dos Clubes financiam publicações, seminários e redes que defendem uma "política externa de liberdade", argumentando que prosperidade econômica reduz conflitos. Por exemplo, artigos do IMB (inspirados em Mises) criticam intervenções estatais como causas de guerras, influenciando think tanks latino-americanos em negociações como o Acordo de Paz da Colômbia (2016), onde ideias de desregulamentação econômica ajudaram a integrar ex-guerrilheiros via mercados livres. Financeiramente, o IMB apoia eventos internacionais que promovem tratados comerciais como "acordos de paz implícitos", reduzindo tensões fronteiriças no Mercosul.
- Ausência de Poder Militar, mas Crítica como Ferramenta de Supressão: Sem forças armadas, os Clubes Mises combatem "dinâmicas de guerra" intelectualmente, financiando análises que veem o militarismo como desperdício estatal. Isso ecoa visões misesianas de paz via comércio (ex.: tratados pós-WWII), influenciando diplomacias liberais na América Latina, onde o IMB critica gastos militares excessivos para priorizar mediações econômicas.
- Poder Tecnológico Limitado, Focado em Difusão: O financiamento apoia plataformas digitais para disseminar ideias (podcasts, apps educacionais), mas não em tech militar. Tecnologicamente, isso facilita "diplomacia digital" indireta, como debates online sobre blockchain para transparência em acordos de paz, alinhando com a DSI contra corrupção em negociações.
Os Clubes Mises, assim, exercem "soft power" financeiro-ideológico, essencial para moldar narrativas de paz sustentável, mas dependem de alianças (ex.: com a Igreja) para impacto prático.
Conclusão: Complementaridade no Ecossistema de Paz
O poder da Ordem de Malta é operacional e direto – financeiro para ação, militar histórico para credibilidade, tecnológico para eficiência –, tornando-a essencial em mediações ativas como as da Ucrânia ou Oriente Médio. Já os Clubes Mises oferecem suporte intelectual-financeiro, promovendo uma paz "preventiva" via liberdade econômica, sem os riscos de poder duro. Juntos, fortalecem a diplomacia católica contra anticlericalismo e guerras, mas críticas apontam para a limitação do libertarianismo em cenários humanitários urgentes. Para mais, consulte relatórios da ONU sobre diplomacia da Ordem ou publicações do IMB. Se quiser exemplos específicos de um conflito, avise!
A Necessidade de Cooperações e Pactos Políticos para os Clubes Mises e a Ordem de Malta: O Caso Português sob Luís Montenegro e a Dependência de uma Alemanha Coesa
Continuando o fio da nossa conversa sobre o papel dos Clubes Mises (via Instituto Mises Portugal) e da Ordem de Malta na diplomacia, mediação de paz e supressão de dinâmicas conflituosas, abordo agora a forma como essas entidades dependem de estabilidades políticas nacionais e europeias. Ambas operam num ecossistema que requer neutralidade, financiamento estável e legitimidade moral, o que as torna sensíveis a pactos transpartidários. No contexto português, sob a liderança de Luís Montenegro (líder do PSD e primeiro-ministro desde junho de 2025, após eleições legislativas antecipadas em maio), há uma janela para cooperações moderadas entre o Partido Socialista (PS), o Partido Social Democrata (PSD) e a Aliança Democrática (AD, coligação PSD-CDS), mas limitada pela ausência de maiorias absolutas e pela ascensão da extrema-direita (Chega). Já na Alemanha, uma coesão ampla (de Die Linke ao AfD, passando por SPD, Volt, Verdes e CDU/CSU) seria ideal para uma diplomacia europeia unificada, mas revela-se inviável, tal como em Portugal, devido a polarizações populistas. Abaixo, detalho essas dinâmicas, focando na "egide" de Montenegro, cuja postura razoável e decente – marcada por recusa de pactos com a extrema-direita e ênfase em estabilidade – tem sido um fator estabilizador.
1. Cooperações e Pactos em Portugal sob Luís Montenegro: Uma Base Necessária, mas Frágil
O atual XXV Governo Constitucional de Portugal, em minoria desde junho de 2025, reflete um cenário pós-eleitoral fragmentado: a AD obteve 28,8% dos votos, mas sem maioria, tornando-a dependente de abstensões ou apoios pontuais do PS para aprovar orçamentos e reformas. Montenegro, elogiado por sua postura pragmática e anti-populista (recusando alianças com o Chega, que se tornou a principal oposição com 22% dos votos), tem promovido um "novo paradigma" de diálogo moderado, focado em habitação, economia e imigração controlada – áreas que indiretamente beneficiam as ações dos Clubes Mises e da Ordem de Malta. No entanto, sem pactos formais (como uma "geringonça" à esquerda ou acordos à direita), a cooperação é ad hoc, o que cria vulnerabilidades.
- Para os Clubes Mises (Instituto Mises Portugal): Como entidade independente e financiada por doações privadas, o Instituto promove ideias libertárias e de economia austríaca, alinhadas com reformas de mercado livre que ecoam a agenda liberal-conservadora do PSD/AD. Necessita de pactos estáveis entre PS, PSD e AD para avançar políticas de desregulamentação e redução de intervencionismo estatal – por exemplo, em habitação acessível via incentivos privados, como os aprovados pelo Conselho de Ministros em setembro de 2025 sob Montenegro. Sem maiorias, o IMB depende de "soft power" intelectual para influenciar debates, mas uma coligação moderada (ex.: abstenção PS em reformas econômicas) evitaria bloqueios que minam a "paz próspera" via comércio. A postura decente de Montenegro facilita isso, contrastando com o colapso anterior do governo em março de 2025 por escândalos.
- Para a Ordem de Malta: Sua embaixada em Portugal e atividades humanitárias (ex.: apoio a refugiados e mediação em diálogos inter-religiosos) requerem apoio transpartidário para operar com imunidades diplomáticas e financiamentos estatais. Sob Montenegro, a Ordem beneficia de uma postura pró-UE e humanitária, com potenciais pactos informais (ex.: PS e AD em políticas de imigração humanizada), que facilitam sua "diplomacia neutra" em crises globais, como a Ucrânia. No entanto, a fragmentação política – agravada pela recusa de Montenegro em dialogar com o Chega – limita recursos para projetos locais, como os da Jornada Mundial da Juventude (com participação maltesa em 2023, mas extensível a 2025). Uma coesão moderada sob sua liderança seria essencial para suprimir "dinâmicas de guerra" internas, como tensões migratórias.
Em suma, esses pactos vigentes (ainda que frágeis) sob Montenegro – focados em estabilidade sem extremismos – são vitais para que Mises e Malta atuem sem interrupções, promovendo liberdade econômica e mediação humanitária. Mas o risco de instabilidade persiste, como visto no colapso de março.
2. Dependência de uma Alemanha Coesa: Um Ideal Inviável, Paralelo ao Desafio Português
Tanto os Clubes Mises quanto a Ordem de Malta dependem da Alemanha como motor da UE para financiamento, diplomacia e estabilidade europeia – ex.: via fundos para paz (Mises) ou missões humanitárias (Malta). Uma colaboração igualitária "de Die Linke ao AfD" (incluindo SPD, Volt, Verdes, CDU/CSU) seria o cenário ideal: uma "grande coligação" ampla que garanta unidade diplomática, ecoando a doutrina católica de diálogo universal e o libertarianismo de cooperação voluntária. No entanto, as eleições federais alemãs de fevereiro de 2025 revelaram fragmentação profunda: CDU/CSU venceu com 28,6%, mas AfD surgiu forte (cerca de 18-20%), isolada mas ameaçadora, enquanto SPD e Verdes perderam terreno. Uma "grande coligação" CDU/CSU-SPD é esperada, mas exclui extremos (Die Linke e AfD), limitando a coesão total.
- Impacto nos Clubes Mises: O IMB precisa de uma Alemanha unida para influenciar políticas UE de mercado livre (ex.: tratados comerciais que reduzem conflitos). A fragmentação pós-2025 – com AfD criticando "globalismo" – atrasa reformas, forçando dependência de pactos CDU-SPD para estabilidade econômica, similar à necessidade portuguesa de PS-PSD. Sem coesão ampla, ideias misesianas de não-intervencionismo perdem tração em debates sobre migração e energia.
- Impacto na Ordem de Malta: Sua diplomacia humanitária (relações com 113 países) depende de uma Alemanha coesa para advocacy na ONU e UE, especialmente em crises como Ucrânia. Uma colaboração igualitária facilitaria orçamentos para missões, mas o surto de AfD (paralelo ao Chega) cria divisões, com Verdes e SPD priorizando multilateralismo, enquanto CDU hesita. Isso ecoa a neutralidade maltesa, mas exige unidade para efetividade.
3. O Contraste com a Extrema-Direita Portuguesa: Um Cenário Inviável
Em Portugal, a extrema-direita (Chega) alinha-se com populistas europeus indesejáveis (ex.: AfD, RN francesa), focando em anti-imigração radical e "segurança nas ruas", o que a torna tóxica para pactos moderados. Diferente de uma hipotética Alemanha "inclusiva" (ainda que utópica), o Chega – agora principal oposição – acelera uma "viragem à direita" histórica, tornando inviável uma coesão ampla. Isso prejudica Mises (ao bloquear reformas liberais) e Malta (ao polarizar apoio humanitário), reforçando a dependência da postura decente de Montenegro para conter o populismo.
Em conclusão, os Clubes Mises e a Ordem de Malta necessitam de pactos moderados em Portugal (sob Montenegro) para operacionalizar ideias e ações, e de uma Alemanha coesa para escala europeia – mas ambos os cenários são frágeis, com populismos (Chega/AfD) como entraves comuns. Essa dependência destaca a urgência de diálogos transpartidários para uma "paz institucional". Se quiser aprofundar num partido ou conflito específico, diga!
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